A presença do presidente da República em evento do G20 deixou claro o nível do nosso isolamento e a forma como o Brasil é visto pela comunidade internacional
Já estamos acostumados com o desinteresse da comunidade internacional pelo Brasil . Deixamos de ser o país da esperança e do futuro para ser motivo de preocupação internacional.
Nossa economia está em frangalhos, esse ano temos grandes chances de entrar em recessão, o povo passa fome. Já são mais de 20 milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza.
Em relatório recente divulgado pelo Instituto para a Democracia e Assistência Eleitoral (IDEA, na sigla em inglês), sediado em Copenhague, Dinamarca, o Brasil se destaca como o país que mais deteriorou sua democracia .
Outro relatório, desta vez divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) aponta um aumento assustador da destruição da nossa floresta amazônica.
A presença do presidente da República em evento do G20 deixou claro o nível do nosso isolamento e a forma como o Brasil é visto pela comunidade internacional.
No entanto, em meio a tanta notícia ruim (eu colocaria desalentadora), ainda há um sopro de esperança. A viagem do ex-presidente Lula para a Europa deu mostras da necessidade de retomarmos o protagonismo que o Brasil já teve.
Vale destacar que Lula, um ex-presidente da República, foi recebido pelo futuro primeiro-ministro alemão Olaf Sholz, pela prefeita de Paris Anne Hidalgo, e com honras de chefe de estado pelo presidente francês Emanuel Macron.
Aí a indústria das “fake news” e parte da imprensa deu um jeito de criar um fato negativo para tentar ofuscar a agenda de extrema relevância para a imagem do Brasil.
Em entrevista ao jornal espanhol El Pais surge a polêmica sobre as eleições na Nicarágua e de outras nações na América Latina. O ex-presidente deixa claro que cada nação tem sua soberania e autodeterminação de seu povo deve ser respeitada, seu direito legítimo de escolha de seus dirigentes e fez uma comparação com países desenvolvidos que tiveram líderes reconduzidos por longos períodos.
Bastou para que fosse acusado de defender ditaduras de esquerda. Mas não é bem assim, a onda de “fake news” e de dissociação das falas de seu significado precisam esclarecidas.
Em entrevista ao Canal Onze do México, Lula defendeu a necessidade de alternância no poder na Nicarágua e destacou “toda vez que um governante começa a se achar insubstituível e começa a s achar imprescindível, está surgindo um pouco de ditadura naquele país”.
E finalizou: “se eu pudesse dar um conselho ao Daniel Ortega, daria a ele e a qualquer outro presidente. Não abra mão da democracia. Não deixe de defender a liberdade de imprensa, de comunicação, de expressão, porque isso é o que favorece a democracia”.
Importante destacar que o ex-presidente Lula foi tentado a concorrer a um terceiro mandato quando seu ciclo estava se encerrando na presidência da república. Em todas as oportunidades se manifestou contrariamente e destacou a necessidade de alternância de poder e de respeito à Constituição. Portanto, não há qualquer razão para criar fatos e distorcer o seu pensamento sobre os valores democráticos que sempre marcaram sua trajetória.
As eleições se aproximam e precisamos de lideranças responsáveis e que tragam de volta a esperança do povo. Que resolvam os graves problemas sociais do país, que entendam que o povo precisa comer e ter uma vida digna e que tragam o respeito que nosso país merece no cenário internacional.
Artigo publicado originalmente no Último Segundo.
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