Presidente do Instituto de Direito de Defesa (IDDD), o advogado Fábio Tofic Simantob avalia que “a Lava Jato é a justiça dos holofotes, que é tão perversa quanto a justiça comum”, e enxerga “uma indústria de condenações”; ele defende, em entrevista à TV 247, que o papel essencial do advocacia deve ser o de denunciar os abusos e garantir os direitos e liberdades previstos na Constituição; “As delações premiadas estão no campo do obscurantismo e precisam ser regulamentadas”, diz.
O advogado Fábio Tofic Simantob concedeu entrevista à TV 247 nesta semana, abordando questões jurídicas referentes à prisão arbitrária do ex-presidente Lula, além de expor os excessos cometidos pela Operação Lava Jato. Para o advogado, “as delações premiadas estão no campo do obscurantismo e precisam ser regulamentadas”.
Ao analisar o processo contra Lula, Tofic Simantob afirma que, se o caso tivesse outro relator, Lula já teria sido colocado em liberdade. “Foi justamente o ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin que julgou o processo de Lula, que se posiciona contra o trânsito em julgado”, relata.
Sublinhando as profundas divergências no tribunal, ele considera que, se o processo tivesse nas mãos dos juízes Marco Aurélio de Mello, Gilmar Mendes ou Celso de Mello, a liminar de habeas corpus poderia ter sido concedida a Lula, em vez de levada a exame por um plenário, quando era previsível imaginar que seria recusada.
“O mais grave da questão envolvendo o habeas corpus do ex-presidente é o fato de o pleno do STF não julgar a questão a da prisão em segunda instância no plano geral, mas apenas o mérito específico do processo de Lula”, analisa, referindo-se a personalização do caso.
Questionado sobre a origem do modelo jurídico da condenação sem provas, o advogado afirma, citando o ex-promotor de Justiça Roberto Tardelli, que a Justiça comum “é um rolo compressor de moer gente pobre”.
“A Lava Jato é a justiça dos holofotes, que é tão perversa quanto a justiça comum”, acrescenta, referindo-se a um universo que define como “uma indústria de condenações”. Sintetizando, Tofic diz: “a operação inaugurou a prisão para a delação premiada. O cárcere é uma forma de pressão para fazer o indivíduo delatar”.
Presidente do Instituto de Direito de Defesa (IDDD), entidade fundada por inspiração de Márcio Thomaz Bastos, primeiro ministro da Justiça do governo Lula e um dos grandes criminalistas brasileiros, Tofic acredita que o papel essencial do advocacia deve ser o de denunciar os abusos e garantir os direitos e liberdades previstos na Constituição. “A delação premiada precisa ser melhor regulamentada”, conclui.
Texto publicado no Brasil 247.
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