Por Ana Flávia Gussen
Vaza Jato implodiu a base de sustentação que em outros tempos fez a glória do ex-juiz
A possibilidade de o Supremo Tribunal Federal pautar o julgamento do habeas corpus em que o ex-presidente Lula pede a suspeição do ex-juiz Sergio Moro e as novas denúncias da chamada Vaza Jato praticamente aniquilaram a persona Sergio Moro nas redes sociais. Consequentemente, o lavajatismo perdeu forças e, nos últimos dias, minguou para apenas 7% das interações na rede quando a pauta é o ex-magistrado.
Qualquer resquício de viabilidade política e eleitoral de Moro, já sonhada por parte da sociedade, da mídia e da classe política, se esvaiu também nas redes.
“Em 2017, durante depoimento, Lula alertou Moro: ‘Esses mesmos que me atacam hoje, se tiverem sinais de que eu serei absolvido, prepare-se, porque os ataques ao senhor vão ser muito mais fortes’. Quase quatro anos depois as palavras soam como profecia quando analisamos esse gráfico”, comentou Pedro Barciela, analista de monitoramento de redes.
Como mostra o gráfico, o grupo antes classificado por alguns setores como “lulista” se expandiu e agregou jornalistas, juristas, liberais e movimentos de centro-direita, representando 60,6% dos atores e 73% das interações. Essa nova composição do bloco acabou por tornar o rótulo de “esquerda progressista” inadequado.
Outro polo crítico a Moro é o bolsonarista, com 26% dos atores e 16,9% das interações. A soma desses dados resulta em 90% de interações negativas contra o ex-juiz. O agrupamento lavajatista tem 11% dos atores e pouco mais de 7% das interações, bem abaixo dos demais.
Vaza Jato mudou humores dentro e fora das redes
Como informado por CartaCapital no início de janeiro, a operação contribuiu para que um “clima favorável” ao HC do ex-presidente Lula fosse criado dentro e fora do STF. Até a ministra Cármem Lúcia, membro da Segunda Turma, na qual tramita a ação, passou a ver a atuação de Moro de outra forma.
A denúncia de parcialidade do ex-magistrado da Lava Jato tem sido reforçada desde que ele se tornou ministro do governo de Jair Bolsonaro e vieram à tona as mensagens da Operação Spoofing.
Nesta semana, em um novo capítulo, vieram à tona mais de 50 diálogos entre Moro, procuradores e Deltan Dallagnol que, segundo juristas de renome internacional, deixam ainda mais expostas as relações escusas e o lawfare praticados pela Lava Jato de Curitiba.
Artigo publicado originalmente na Carta Capital.
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