O Grupo Prerrogativas manifesta grave preocupação com as ordens econômica e jurídica em razão do precedente criado pela MP 927, de 22 de março de 2020.
O ato, de responsabilidade do Presidente da República, viola a separação de poderes, invade competência de Lei Complementar, extrapola os limites do Decreto Legislativo de calamidade pública, que já invadia competência dos Estados.
Viola direitos fundamentais, subverte garantias sociais e trabalhistas e suspende normas de segurança e medicina do trabalho.
Em outras palavras, é uma política mais que neoliberal.
Visa forçar os trabalhadores a voltar ao trabalho ou ficar sem trabalho, em meio à pandemia. Garante-se falsamente o emprego como se pudesse separar o trabalho da contraprestação financeira. Está na contramão do mundo inteiro. É necroliberalismo, na disputa alocativa dos recursos públicos.
Que o Estado arque com os salários diretamente, se pretende auxiliar quem precisa.
E no plano institucional, ao Congresso Nacional incumbe defender as suas prerrogativas, a democracia, o direito à vida, o direito do trabalho e a noção de que contratos não podem ser exclusivamente unilaterais, potestativos, em defesa de uma classe social, promovendo a crise em vez de combatê-la.
Quatro meses sem salário é vulneração do mais básico direito do trabalhador.
Democracia pressupõe respeito e cuidado, principalmente na emergência. Responsabilidade é o que se exige e se conclama. E é do Congresso Nacional que se espera essa capacidade de entendimento. Senhores parlamentares: ajam em defesa da população!
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José Augusto
23/03/2020, 13:59Também achei muito estranho, no mínimo, essa decisão, pois esqueceram “só” de esclarecer: mas quem paga a conta?
ResponderAproveito para refletir: será que neste momento não seria a hora de suspendermos todos penduricalhos que se fala há tanto tempo como auxilios de toda sorte, proventos superpostos, etc. nos 3 poderes e canalizar estes recursos para a Saúde – aqui tanto humana como econômica?
abs