Auditores da Corte de Contas identificaram diferença entre o CNPJ que teria contratado o ex-juiz e o que efetivamente lhe pagou
Auditores do Tribunal de Contas da União, que apura a contratação do ex-juiz Sergio Moro, hoje candidato à presidência pelo Podemos, pela empresa de consultoria Alvarez & Marsal, encontraram uma discrepância entre a versão dada ao tribunal e um documento apresentado pelo próprio Moro na live de 28 de janeiro, quando ele revelou ter recebido cerca de 3,7 milhões de reais pelo tempo de trabalho na companhia.
A empresa informou oficialmente ao TCU que Moro foi contratado, inicialmente, pela Alvarez & Marsal Disputas e Investigações Ltda., e, depois que ele se mudou para os Estados Unidos, pela Alvarez & Marsal Disputes and Investigations Inc. São os CNPJs da empresa que prestam serviços de compliance para grandes companhias. No entanto, em uma nota fiscal que Moro emitiu em 17 de fevereiro de 2021 (ele foi contratado como pessoa jurídica) no valor de 811.890 reais, a contratante é diferente: Alvarez & Marsal Consultoria em Engenharia Ltda.
Esse é um dos primeiros achados do relatório de inteligência que a área técnica do TCU está produzindo sobre Moro. O relator do caso é o ministro Bruno Dantas. A discrepância já havia sido apontada também pelo grupo de advogados Prerrogativas, conforme revelado por VEJA. Em uma petição enviada à Procuradoria-Geral da República, em nome do deputado Rui Falcão (PT-SP), os advogados pediram para Augusto Aras verificar se existem procedimentos que investigam Moro na Receita Federal e no Coaf.
Procurado pela reportagem de VEJA no início do mês, o ex-juiz e a A&M deram explicações diferentes para a discrepância de CNPJ. Moro disse que houve um “erro material” na emissão da nota fiscal. Já a consultoria americana afirmou que Moro “teve sua prática originalmente estruturada no Brasil na A&M Consultoria em Engenharia e em seguida foi transferida para A&M Disputas e Investigações”. O TCU vai querer saber por que a primeira informação dada pela empresa à Corte de Contas não contemplou esse detalhe.
Publicado originalmente na Veja.
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