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Grande entrevista a Grada Kilomba: “Espero que cheguemos ao presente”

Grande entrevista a Grada Kilomba: “Espero que cheguemos ao presente”

Por João Pacheco

Vive em Berlim e é uma artista portuguesa com destaque global, presente em algumas das coleções de arte internacionais mais relevantes. Nasceu em 1968 em Lisboa, onde estudou Psicologia e Psicanálise. Fez um doutoramento em Filosofia na Alemanha e recebeu em abril o título de doutora honoris causa, dado pelo ISPA

Gosta de contar histórias e é uma personagem criada pela própria. Quando viajou até São Tomé e Príncipe, encontrou em documentos antigos o que passaria a ser o nome artístico: Grada Kilomba. Era um nome da família, proibido durante o período colonial. Essa primeira viagem a África aconteceu há mais de 20 anos, no contexto do doutoramento que daria origem ao livro “Memórias da Plantação — Episódios de Racismo Quotidiano”. O livro inclui feridas e merece mesmo ser lido. A autora fala agora com calma, pesando os detalhes de cada palavra. O tom de voz é suave, em contraste com as pessoas que vão passando por estes metros quadrados da Gulbenkian, em Lisboa. Lá fora este dia de abril está bom para passeios, mas há por aqui uns assuntos que precisamos de encarar. São assuntos antigos e urgentes como o pós-colonialismo, o patriarcado, a História, a violência cíclica. Também haverá tempo para a polémica sobre a representação de Portugal na última Bienal de Veneza. A propósito de bienais, Grada Kilomba faz parte da equipa de quatro pessoas responsável pela curadoria da próxima Bienal de São Paulo, que inaugura em setembro.

Quando era pequena, quem lhe contava histórias?
A minha avó contava-me muitas histórias. Eram tão assustadoras, às vezes. Cheias de segredos, de mistérios, de medos, de desejos. Aí aprendi qual é a função de uma história. É tocar nas emoções e nas memórias mais profundas que temos. E trabalhá-las. Tive duas avós e as duas contavam-me histórias. A primeira era a minha avó de São Tomé e Príncipe, mãe da minha mãe. A segunda era a minha avó de Coimbra, mãe do meu pai. Cresci com as duas avós, durante o tempo de guerra.

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