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Mentir, manipular, execrar: a autoridade como caos e ficção

Em 12 de fevereiro de 2020, o deputado federal Eduardo Bolsonaro deu um passo significativo na direção de validar, perante nada menos que uma Comissão Mista Parlamentar de Inquérito, o projeto político que ele representa na América do Sul: The Movement, que defende uma autoridade fundada em uma narrativa caótica, ficção que tem a mentira, a manipulação da opinião pública e a geração constante de crises como instrumentos para que o regime democrático não tenha tempo e meios para pensar o futuro e um caminho para a sociedade e a economia, a não ser assistir ao espetáculo diário oferecido pelas personagens no poder.

Eduardo Bolsonaro mentiu perante a CPMI criada para apurar mentiras. Mentiu em conluio com um depoente. Um depoente que prestou serviços à sua candidatura e à candidatura de seu pai a presidente da República. Depoente este que negou ter prestado tais serviços. E ambos, depoente e deputado, atacaram a jornalista, Patrícia Campos Mello, igualmente com mentiras sobre sua conduta profissional.

Concomitantemente ao que era forjado na CPMI, as redes sociais eram invadidas com ataques à jornalista e apoios às mentiras contadas por deputado e depoente, disseminando assim estigmas de cunho misógino, em uma evidente prática de violência de gênero, que é uma de suas táticas: a ficção alimenta um mito que se sustenta no enfrentamento de um inimigo inventado – a “feminista”, o “gay”, o “comunista”, a “jornalista”. Declarações mentirosas como as proferidas pelo depoente, e que foram corroboradas pelo Deputado Eduardo Bolsonaro, tanto dentro do Congresso Nacional como em suas redes sociais, retrocedem a história da busca e conquista de liberdade e igualdade das mulheres na sociedade, colocando-as em situação de inferioridade com a evidente intenção de afrontar, subjugar e violentar todo o progresso já conquistado, mas que ainda precisa avançar.
É justamente essa prática de uso político de mentiras (“Fake News”) nas redes sociais que a CPMI foi criada para investigar. Agora, a prática é usada contra a CPMI. Em campo aberto. Televisionado. Durante sessão de oitiva de depoente.

Este é um momento histórico em que ou as instituições reagem ou sucumbirão à estratégia de governar por meio do caos com apoio em redes sociais.

Senado Federal e Câmara dos Deputados, cujos representantes compõem a CPMI, foram expostos publicamente à manipulação que investigam.

Posto na devida perspectiva, o que se passou ontem no Congresso Nacional não foi a confissão, mas o cometimento do crime investigado por meio da sua repetição explícita.

Que a CPMI enxergue com olhos de ver – a redundância, aqui, é válida, porque é contra a redundância nas mentiras, nas manipulações e nas execrações públicas que é preciso agir. Imediatamente.

A CPMI tem, agora, prova inequívoca daquilo que está investigando. Que dê consequência a isto.

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