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O Descobrimento, de Portinari

O Descobrimento, de Portinari

Por João Cândido Portinari

“A tela O Descobrimento, de Portinari, é dominada não pelos capitães, pelos almirantes, ou pelos padres da Conquista, mas pelos comuns marinheiros da esquadra”… (ver rodapé)

Portinari sempre fiel à sua opção de toda a vida pelo povo, pelos humildes, à sua opção pela Senzala, não pela “Casa Grande”.

Quando Portinari ilustrou o famoso livro “A Selva”, do português Ferreira de Castro, o historiador de arte e escritor Mário Dionísio
escreveu:

…Ilustrar “A Selva” não era para Portinari realmente “ilustrar” no sentido corrente da palavra. […]

era, para ele, continuar, embora sob um aspecto novo, o alto canto que, de há tantos anos, vem espalhando com energia e ternura, por
pequenas e grandes telas e por quilômetros quadrados de paredes de edifícios públicos: um canto amassado de lágrimas e de brados, de ira e amor.

Trabalhando para o livro de Castro, ele continuou a dialogar com os seus negros e os seus brancos, igualmente infelizes, e a falar por
eles.

Continuou com os seus camponeses que fogem à seca e à fome, que se arrastam a pé por _léguas e léguas, e aí deixam parentes e companheiros na primeira cova da terra gretada, na mesma época dos transportes cômodos e rápidos e da abundância possível. […]

Um escritor português e um pintor brasileiro estendem os braços por cima do largo oceano e misturam as suas vozes num mesmo apoio. É
uma data importante para todos os que confiam no poder da beleza para construir a paz e fazer do mundo a casa dos homens…

Hoje, a tela “O Descobrimento” está na Sala do COPOM, no Banco Central, em Brasília (ver imagem acima).

Estará ela ajudando os integrantes do COPOM a “fazer do mundo a casa dos homens?”

Assistindo ao pronunciamento do Presidente Lula, e à entrevista dada ontem ao canal progressista Brasil 247 pelo professor Bresser Pereira sobre os 13,5 % de juros determinado pelo Banco Central, a resposta é um incisivo NÃO.

Impossível afastar um sentimento de profundo pesar pela ironia da colocação desta obra de Portinari, que assiste impotente, da
parede que olha para a mesa de reuniões, decisões como esta, tomadas na contramão dos interesses do povo brasileiro, e de um governo eleito pelo sufrágio popular.


assim escreveu o renomado historiador americano Robert C. Smith, Diretor da Divisão Hispânica da Biblioteca do Congresso, em Washington, e principal responsável pelo convite feito por esta instituição a Portinari para decorar sua sede com 4 grandes afrescos sobre este tema — entre os quais “O Descobrimento”— que estão lá desde 1942.

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