Por Paula Martini
Banco tem direito a indicar cerca de 55 posições em empresas como Petrobras, JBS, a Eletrobras e Copel
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) quer atingir a paridade de gênero entre os representantes da instituição nos conselhos de administração de empresas em que o banco é acionista, casos da Petrobras e da Eletrobras, entre outras. A política será implementada a partir deste ano, como parte de um primeiro pacote de ações de diversidade que serão anunciadas nesta quarta-feira pelo governo federal, antecipou a diretora de mercado de capitais e finanças sustentáveis do banco, Natália Dias.
Com uma carteira de investimentos de R$ 63 bilhões, o BNDES tem direito a indicar cerca de 55 posições em conselhos fiscal e de administração em companhias de capital aberto em que detém ações, como a Petrobras, a JBS, a Eletrobras e a Copel. Atualmente, apenas 20% dessas posições são ocupadas por mulheres. O banco planeja dobrar o percentual ainda em 2023, além de também priorizar a equidade racial. A iniciativa é inspirada em uma proposta da B3 para implementar diversidade no processo de indicação de membros dos órgãos de administração das empresas.
“Vamos rever a nossa política para que essa regra seja implementada formalmente. Vamos puxar essa agenda para ver se o mercado vai na mesma direção”, disse Natália Dias.
A administração vê dificuldades de atingir a paridade ainda este ano devido às restrições para indicação de membros de conselho, mas espera atingir a marca de 40% de mulheres já em 2023.
“Não sei se a gente vai conseguir atingir os 50% ainda neste ano porque a nossa política de indicação é muito restrita. Mas, se não conseguirmos sair dos 20% para os 50% agora, vamos ter esse objetivo para o ano que vem”, afirmou a diretora.
O banco também acionou a rede do programa Conselheira 101, que incentiva a presença de mulheres negras em conselhos, em busca de indicações.
As ações que serão anunciadas hoje também preveem incentivos à diversidade na área de negócios. De acordo com dados do biênio 2020-2021, 19,1% do total de empresas apoiadas pelo banco possuia lideranças femininas. Essas empresas receberam cerca de R$ 4,4 bilhões em empréstimos do banco, o que representa apenas 3,8% do total do valor aprovado no período.
Para estimular a participação feminina, o banco vai alterar o critério de seleção do BNDES Garagem, programa de incentivo a startups, para dar ponto extra a projetos com soluções voltadas para o público feminino e para empreendimentos liderados por mulheres. Além disso, um edital para selecionar fundos de venture capital previsto para ser lançado em abril irá prever pontos extras para gestores de investimentos que apresentem equipe de gestão mais diversa e para propostas que prevejam apoio às empresas com liderança feminina em suas teses de investimentos.
“Nós estamos tentando impregnar o negócio BNDES dessa agenda igualitária. A ideia não é só mexer internamente, mas principalmente no negócio. Para além da justiça social, a diversidade é uma pauta estratégica”, afirmou a diretora socioambiental do BNDES, Tereza Campello.
A ex-ministra vai liderar junto com Natália Dias um grupo de trabalho atrelado ao gabinete do presidente Aloizio Mercadante com objetivo de traçar estratégias para a agenda de diversidade.
Publicado originalmente no Valor Econômico.
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