A Nau dos Insensatos é uma alegoria que descreve o mundo e seus habitantes como uma nau, cujos passageiros nauseabundos não sabem e nem se importam para onde estão indo.
Vejam: eles não se importam! Na verdade, a Nau dos Insensatos (Das Narrenschiff) foi o primeiro best-seller da história, fora a Bíblia. Escrito em 1494 por Sebastian Brant, é um relato ácido da sociedade de então. Cada um dos 112 capítulos tem um endereço.
A Nau fala das falácias da Justiça, das injustiças da Igreja, a patifaria, os maus costumes, a vulgaridade dos nobres…!
Brant era formado em Direito. Sabia das vicissitudes das leis. E do “sistema”. Dividido em 112 capítulos curtos, cada qual dedicado a um tipo de louco ou insensato, o livro proporciona uma leitura provocadora e divertida.
Pois não é que, em 2020, sai uma nova versão da Nau dos Insensatos? Desta vez subscrita por um conjunto de advogados que impetra, em primeiro grau, mandado de segurança (1022470-27.2020.4.01.3400) – com pedido de liminar – para retirar do cargo o Presidente da OAB, Felipe Santa Cruz. Motivo: não concordaram com a atuação do Presidente que ingressou com ADPF n. 672 que dizia respeito a ações relacionadas à COVID 19. Alegaram politização.
Por óbvio, o juiz – e ainda os há neste imenso Brasil – indeferiu de plano a petição, não sem antes advertir aos insensatos advogados de que, fossem vencedores, criariam precedentes contra a própria advocacia. Ou seja, sua excelência avisou aos causídicos de que, ganhassem, perderiam feio. É o paradoxo da insensatez dos peticionários. Se ganhassem, seriam derrotadas institucionalmente!
Os advogados que não embarcamos nessa Nau devemos estar atentos para defender a prerrogativa institucional da Ordem Nacional dos Advogados, cuja atuação na história deste país está acima de qualquer ideologização ad hoc.
O momento politico exige serenidade. Mas também contundência contra-ataques ao Presidente de uma Instituição mais do que centenária, que representa mais de um milhão de advogados do Brasil.
No início do best seller do medievo, Sebastian Brant diz, como que se já encerrasse a Nau dos Insensatos: “Que seja de utilidade e sirva de salutar ensinamento, de estímulo à conquista da sabedoria, juízo e bons costumes, assim como à emenda e punição da insensatez, cegueira, desacerto e inépcia dos homens e mulheres de todas as condições.”
Grupo Prerrogativas, aos 19 dias do mês de abril do ano de 2020, para marcar a resistência!
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