Seu pontificado insistiu que a fé autêntica não teme a diferença — cultural, religiosa, moral — mas se compromete com ela
Por Laio Correia Morais
A morte do Papa Francisco marca o encerramento de um dos pontificados mais simbólicos do pós-Concílio Vaticano II — um tempo em que a Igreja Católica, sob sua liderança, buscou mais uma vez recordar-se do essencial: o Evangelho como ponte, não como muro. Francisco será lembrado como o bispo de Roma que preferiu o título de servo à glória do poder, e que viu na fragilidade humana o caminho mais fecundo para a teologia da misericórdia.
A morte do Papa Francisco marca o encerramento de um dos pontificados mais simbólicos do pós-Concílio Vaticano II — um tempo em que a Igreja Católica, sob sua liderança, buscou mais uma vez recordar-se do essencial: o Evangelho como ponte, não como muro. Francisco será lembrado como o bispo de Roma que preferiu o título de servo à glória do poder, e que viu na fragilidade humana o caminho mais fecundo para a teologia da misericórdia.
Neste sentido, sua voz profética não se calou diante da indiferença global: da Amazônia ao Mediterrâneo, da crise climática às guerras esquecidas, Francisco falou como um pai — mas também como um irmão — dos povos. E fê-lo com gestos: lavando os pés de imigrantes, abraçando leprosos, visitando prisões, indo ao Cazaquistão e à República Democrática do Congo. Sua encíclica “Fratelli Tutti” tornou-se quase um manifesto do humanismo cristão do século 21.
Na aurora deste jubileu e à luz da Páscoa comum, sua morte ressoa como semente lançada à terra. Uma semente de unidade. Uma semente de esperança. Francisco não foi apenas um reformador. Foi um sinal. E como todo sinal evangélico, sua potência não está no poder que acumulou, mas nas vidas que tocou. No silêncio que escutou. Nos muros que derrubou. E, acima de tudo, na ponte que se tornou.
Artigo publicado originalmente no ICL Notícias.
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