A força-tarefa da Operação Lava Jato realizou, nesta quarta-feira (9), a operação “E$quema S” contra escritórios de advocacia que, segundo os procuradores, são suspeitos de desviar pelo menos R$ 151 milhões do Sistema S fluminense, composto por Sesc, Senac e Fecomércio.
Em entrevista à CNN, Marco Aurélio Carvalho, fundador da Associação de Juristas pela Democracia avaliou as decisões do juíz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal do Rio de Janeiro.
De acordo com ele, Bretas está cometendo “um número enorme de equívocos”.
“Esta operação, como quase todas as operações da Lava-Jato, não só de Curitiba e também do Rio de Janeiro, tem um aspecto midiático muito forte, indiscutivelmente forte. Hoje, várias buscas e apreensões foram definidas e ainda foi aceita uma denúncia, que é completamente atípica e peculiar. Nos últimos anos nós não vimos nada parecido”, avaliou.
E acrescentou: “As buscas e apreensões são utilizadas exatamente para a reunião de elementos que podem eventualmente dar assistência a uma denúncia. Agora, imaginar que elas foram feitas da forma que foram, sempre com o apelo midiático e no mesmo dia que essa denúncia foi recebida…ou a denúncia não tinha condições de ser recebida, ou era desnecessária a realização dessas buscas”.
Questionado sobre a operação ser uma tentativa de intimidar advogados, o especialista reforçou. “O direito de defesa é um pilar fundante. Nós sabemo ainda que, no país, se houver algum grau de intocabilidade de insituições ou atividades, seguramente serão o Ministério Público e o Judiciário. Infelizmente nós vimos a forma que o ex-ministro Sergio Moro escapou dos processos que foram levantados contra ele, o mesmo aconteceu com o procurador Deltan Dallagnol”, disse.
Carvalho acredita que a investigação deveria ser apurada pela esfera estadual e não federal, questionando mais uma vez, as decisões de Bretas. Para ele, a denúncia está incoerente e é necessário separar o ‘joio do trigo’.
“Nós ainda vivemos em um estado de direito e temos que analisar com muita cautela estas acusações. Recentemente, o parlamento decidiu que as delações por si só não fazem prova. Diferente do que vimos durante esta operação. É claro que nós temos que separar o joio do trigo: quem cometeu algum crime, evidentemente tem que ser responsabilizado. Mas não podemos, por conta de equívoco de alguns, criminalizar toda a advocacia”, finaliza.
Confira a entrevista na íntegra de Marco Aurélio de Carvalho a CNN Brasil clicando aqui.
Publicado originalmente na CNN Brasil.
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