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Luto em luta’: ato online em memória de João Pedro exige providências contra genocídio negro

A Coalizão Negra Por Direitos, organização que reúne entidades do movimento negro à nível nacional, realiza em suas redes sociais nesta terça-feira (26), às 18h, o ato “Luto em luta” em memória de João Pedro e de todas as vítimas do genocídio negro no Brasil. A mobilização exige providências sobre a realidade de violência da população negra e moradora das periferias.

João Pedro, de 14 anos, estava dentro de casa quando foi assassinado a tiros em 18 de maio durante uma ação do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) e de agentes da Polícia Federal no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, no Rio de Janeiro. Sem a autorização da família, o adolescente foi levado no helicóptero de operações e os pais só o reencontram no Instituto Médico Legal (IML), para o reconhecimento do corpo.

“Este crime bárbaro é mais um, que por comover todo país, torna-se símbolo da necropolítica colocada em prática pelo Estado brasileiro, capaz de manter violentas operações policiais em favelas e periferias mesmo em tempos da mais mortal pandemia que o país da viveu. Pedro e sua família obedeciam a orientação do Governador Witzel e dos organismos internacionais de saúde, como forma de se proteger da Covid-19. Eles estavam em casa, mas para famílias negras no Brasil, a casa, a rua, a comunidade não são sinônimo de segurança”, reitera o manifesto assinado por mais de 500 coletivos negros.

O manifesto destaca ainda que a violência no país recai majoritariamente sobre a população negra e moradora das periferias. Dados do Atlas da Violência, levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), indicam que 75,5% das vítimas de assassinatos são negras.

No caso do Rio de Janeiro, segundo o Instituto de Segurança Pública, 80% dos mortos por policiais no estado apenas no primeiro semestre de 2019 eram negros. Em 2020, mesmo em meio à pandemia do Covid-19, os dados sobre a violência policial são alarmantes. Somente entre os dias 15 e 19 de março, início do isolamento social, os agentes de segurança pública do estado mataram 69 pessoas.

As mortes em operações monitoradas, que tiveram uma drástica queda no começo da epidemia (-82,6% em março), superaram as de 2019 em abril e maio (aumento de 57,9% em abril e 16,7%). Os dados indicam que em abril e maio as polícias do Rio de Janeiro usaram mais força letal em operações policiais do que em 2019, quando o Rio de Janeiro teve o recorde de 1.810 mortes causadas por intervenção policial.

Artigo publicado originalmente no Yahoo Brasil.

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