Recentemente foi lançado o Auxílio Emergencial, um benefício financeiro destinado aos trabalhadores informais, microempreendedores individuais, autônomos e desempregados, que tem como objetivo garantir uma renda mínima aos brasileiros em situação mais vulnerável durante a pandemia da Covid-19.
Esses trabalhadores vulneráveis, por meio de um aplicativo em telefone móvel, inserem seus dados e se candidatam a receber o auxílio emergencial de R$ 600,00, que será pago por três meses, para até duas pessoas da mesma família.
Todo procedimento para receber o auxilio é por meio do dito aplicativo. Quem estava no Cadastro Único até o dia 20/03, atendendo a todas as regras do Programa, recebe o benefício sem precisar se cadastrar e quem não estava no Cadastro Único até esta data, mas que têm direito ao auxílio, poderão também fazer o cadastro.
No entanto, um auxílio que deveria atender às pessoas que mais precisam, os vulneráveis, chegar em lugares onde o vírus é mais perverso, não esta chegando, justamente pela situação precária que vivem essas pessoas.
As exigências cadastrais, o uso do celular, por exemplo, para se conseguir baixar o referido aplicativo, é hoje um real empecilho para que este benefício alcance às pessoas que sequer têm água na torneira de casa e nem tampouco sabão para fazer sua higiene e enfrentar a pandemia, quanto mais ter um aparelho celular e saber manuseá-lo para executar essa transação digital.
Essas pessoas vivem à margem, já morrem todos os dias pela miséria, pela violência, pela fome, pela falta do olhar desse sistema de privilégios em que vivemos, dessa visão rentista e liberalizante da vida, em detrimento de quem é invisível socialmente, em benefício da força do Mercado.
A pandemia veio apenas para agravar a situação de crise em que já vivem essas pessoas e o acesso ao auxílio deixa ainda mais claro a necropolítica. A política de controle social, com poder sobre a mortalidade, que define quem importa e quem não importa, quem é “descartável” e quem não é. Quando por exemplo se relativiza a gravidade da situação, deixando a população racializada, jogada a própria sorte. Seja pela falta de acesso a mínima ajuda emergencial ou a vivente falta de acesso ao sistema de saúde e saneamento básico.
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