Por Domingos Barroso da Costa e Andrey Melo
Nesse 7 de setembro, acompanhados de nosso colonizador, assistimos a uma espécie de espetáculo circense para melhor esculhambação de nossa independência. Detalhe: não se tratou de encenação, mas de atuação.
Aliás, é bem possível que a espada de D. Pedro, às margens do Ipiranga, erguida aos céus, não passe de uma fake news, como o imbrochável brado bolsonarento, duzentos anos depois.
A patológica disfuncionalidade presidencial, que perdura há alguns anos, acabou por criar duas categorias de machos nada republicanos. Mas trataremos disso em seguida…
A pantomina grotesca atuada bem expõe o fato de ainda não sermos verdadeiramente independentes. Também deixa clara nossa absoluta incapacidade de sê-lo a médio prazo, e não pode ser sem tristeza que o constatamos.
A esculhambação, não se enganem, é um projeto que se procura ocultar por uma espécie de narrativa reversa. Ou seja, é com o objetivo de acabar com a liberdade que os esculhambadores afirmam defendê-la; é fazendo a mais mortal das políticas que afirmam sua isenção; porque motivados por uma ideologia virulenta e autoritária que tentam sustentar que não servem a qualquer delas.
Tudo é falso: da probidade à virilidade, como bem demonstram as afirmações incansáveis em sentido contrário, as próteses e comprimidos milagrosos comprados a altos custos, a partir dos quais se tenta – sem êxito – fazer as forças verdadeiramente armadas.
Pensando bem: a agressiva fome testemunhada nos semáforos, a inflação nas prateleiras dos mercados, as mortes não evitadas no período pandêmico e a sonegação de direitos às classes trabalhadoras são muito reais.
O vultoso e inexplicável patrimônio adquirido em dinheiro vivo, tal como se compra num boteco, é factual. O bufão dos altiplanos brasilienses é assustadoramente verídico, não se trata daqueles péssimos filmes de terror, a película pornográfica é real, e está na derradeira estação, depois de tantas primaveras descoloridas. A completa tragédia vai sendo irremediavelmente superada por uma triste comédia.
Em meio a tantas falsificações, que nem pra cópia servem, tratando-se de meros simulacros produzidos em série, devemos resgatar a verdade anunciada no título. Afinal, nada mais verdadeiro do que a existência de apenas dois tipos de homem: os que mentem e os que brocham.
Talvez a espada da justiça, muito violentada ultimamente, seja a representação de um fetiche desvelado em sonhos palacianos e, em meio a seus delírios fálicos, nosso despresidente burlesco fez questão de mais uma vez deixar claro quanto a que grupo de homens pertence ao se afirmar “imbrochável”…
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