Por Carolina Nalin e Letycia Cardoso
Novo presidente do banco diz que quer criar um Eximbank, para estimular o financiamento de exportações brasileiras, e que instituição terá de rever a taxa de juros em seu crédito
O ex-ministro Aloizio Mercadante tomou posse, nesta segunda-feira, como novo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) na sede da instituição, no Rio de Janeiro. A cerimônia está concorrida como há muito não se via no banco. Além do presidente Lula e de ministros, empresários e até o cantor Chico Buarque estão presentes no evento.
Mercadante disse em seu discurso que trabalha num projeto de criar um Eximbank, para fomentar as exportações.
– Como diz o nosso ministro Alckmin (o vice-presidente Geraldo Alckmin, que é também ministro da Indústria e Comércio, ao qual o BNDES está subordinado), nós precisamos exportar – disse ele.
O novo presidente do BNDES afirmou ainda que é preciso rever a TLP, a taxa de juros usada pelo banco nos seus financiamentos, para torná-la mais competitiva sobretudo para pequenas e médias empresas. Mas, sem detalhar como seria esta mudança, disse que o banco não quer reivindicar “o modelo de subsídios do passado”.
– Atualmente, a TLP apresenta enorme volatilidade e tem custo acima da dívida pública federal, o que prejudica micro e pequenas empresas.
Ele destacou a necessidade de crescimento do país através da industrialização e enfatizou que o banco de desenvolvimento tem que ter visão de longo prazo, visão estratégica e que contemple não apenas o setor de commodities agrícolas.
– O Brasil não pode ser só a fazenda do mundo. Produtos industriais de alto valor agregado são essenciais para o desenvolvimento do país. Essa é uma pauta fundamental para o futuro do BNDES, precisamos ganhar escala e integrar as cadeias de valor.
Agenda de igualdade e estágio para negros
E disse que a transição para uma economia de baixo carbono será um imperativo para o banco. E que o BNDES será um banco “verde, inclusivo, tecnológico, digital e industrializante”.
Para Mercadante, os compromissos do ‘BNDES do futuro’, incluem também a agenda de enfrentamento da desigualdade racial, com linhas de crédito que empoderem mulheres e negros. Ele afirmou que “mulheres e negros vão fazer parte da história do BNDES”.
— Seremos promotores de uma sociedade mais justa e inclusiva por meio das nossas linhas de crédito e das ações de fomento que empoderem economicamente mulheres, negros e negras. Temos que empoderar esse empreendedorismo — sinalizou durante discurso.
Mercadante anunciou um programa de estágio exclusivo para pessoas negras e concursos com cotas raciais. O novo presidente pretende, ainda, lançar uma linha de crédito especial para mulheres.
— O compromisso com a igualdade de gênero e racial não será só da porta para fora, mas para dentro. Teremos um ambiente livre de assédio e discriminação.
Apoio a Josué Gomes, da Fiesp
Também declarou respeito à soberania do voto e ratificou a importância de que país “não retroceda na democracia”.
Lula está acompanhado da primeira dama Janja. Compõem o palco ainda o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes; o presidente do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes; a ministra Igualdade Racial, Anielle Franco; a ex-presidenta Dilma Roussef; e o governador do estado do Rio de Janeiro, Cláudio Castro.
Prestigiaram o evento a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva; o da Casa Civil, Rui Costa; da Educação, Camilo Santana; da Secretaria de Comunicação, Paulo Teixeira; do Desenvolvimento Social, Wellington Dias; da Gestão e Inovação, Ester Dweck; da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos; de Portos e Aeroportos, Márcio França; e do Turismo, Daniela Carneiro.
Também compareceram o banqueiro e economista André Lara, o deputado estadual André Ceciliano e Marcelo Freixo.
Entre empresários, está Josué Gomes, presidente da Fiesp, entre outros. Mercadante se dirigiu a ele no seu discurso:
– É muito bom tê-lo à frente da Fiesp – disse.
Publicado originalmente em O Globo.
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