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Associação de juristas pede ao MPF investigação sobre ganhos de Moro

Associação de juristas pede ao MPF investigação sobre ganhos de Moro

Por Mônica Bergamo com colaboração de Joelmir Tavares, Lígia Mesquita, Bianka Vieira, e Manoella Smith

ABJD quer apuração sobre contrato do ex-juiz na consultoria Alvarez & Marsal

A Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) entrou nesta terça-feira (25) com uma representação no Ministério Público Federal para que o ex-juiz e presidenciável Sergio Moro seja investigado por seu trabalho na consultoria Alvarez & Marsal.

O assunto já é alvo de um processo no TCU (Tribunal de Contas da União) e está na mira de deputados do PT que querem propor uma CPI (comissão parlamentar de inquérito) na Câmara para apurar eventual conflito de interesses.

Uma das possibilidades em estudo no TCU é a de avançar sobre os gastos de empreiteiras com consultorias, como forma de chegar a valores repassados à firma que empregou Moro entre 2020 e 2021.

A entidade requer a “averiguação da natureza do trabalho desenvolvido por Sergio Moro na contratação, e a relação dele com as empresas assessoradas na consultoria, a fim de verificar possível cometimento de ilícitos de caráter penal e uso da operação Lava Jato, que conduziu como juiz, para se favorecer”.

O documento protocolado no Ministério Público Federal em Brasília afirma ainda que o ex-magistrado “teve acesso a informações privilegiadas que possuíam potencial de impacto em favor de seu trabalho na empresa”.

“Sua atuação foi, desde o início, absolutamente comprometida, mesmo que não tenha assinado pareceres ou peças nos casos concretos”, diz a ABJD.

A organização, com cerca de 2.000 associados em todo o país, reúne juízes, desembargadores, advogados, defensores públicos, professores e estudantes de direito, promotores, procuradores e servidores do Poder Judiciário.

Tanto Moro quanto a Alvarez & Marsal negam conflito de interesses na passagem dele pela consultoria. A empresa divulgou nota afirmando que tem contribuído com o TCU e repassado todos os esclarecimentos solicitados.

As duas partes têm dito que o contrato previa a atuação dele como consultor e impedia sua participação em casos ligados à Lava Jato.

O ex-juiz afirma que prestará contas de sua remuneração na declaração de renda à Receita Federal e no registro da candidatura na Justiça Eleitoral. Diz ainda não ter nada a esconder.

Em entrevista ao Flow Podcast, na segunda-feira (24), o pré-candidato à Presidência afirmou que a tentativa de investigar sua atuação no setor privado é uma maluquice e se disse vítima de perseguição.

Artigo publicado originalmente na Folha de S.Paulo.

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