Moro trabalhou para a Alvarez & Marsal, sediada nos EUA que já recebeu R$ 42 milhões de companhias afetadas pelas decisões do ex-juiz no passado
Deputados federais começaram a coleta de assinaturas para a instalação de uma CPI que pretende investigar as ações no âmbito privado do ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro, pré-candidato à Presidência da República. A base de argumentação para aprovar a Comissão Parlamentar de Inquérito são as investigações conduzidas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) que rastreiam um suposto conflito de interesses por parte do ex-ministro do governo extremista de Jair Bolsonaro, uma vez que ele atuou numa consultoria que realizava recuperações judiciais justamente de empresas que foram quebradas em decorrência de sua condução na Lava Jato.
Moro trabalhou para a Alvarez & Marsal, um escritório sediado nos EUA que já recebeu R$ 42 milhões de companhias afetadas pelas decisões do ex-juiz no passado, quando ele chefiava a Lava Jato. Para o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), é preciso apurar essa estranha ligação entre um magistrado que “quebrou” empresas e depois foi ganhar dinheiro as recuperando.
“Moro quebrou as empresas e foi trabalhar na recuperação judicial delas. Um claro conflito de interesses que somente uma CPI pode explicar”, disse o parlamentar.
Os ganhos do ex-integrante do Judiciário considerado parcial, suspeito e incompetente pelo STF permanecem em sigilo. No entanto, o advogado Rodrigo Tacla Duran, que foi extorquido pelo colega de profissão Carlos Zucolotto, amigo íntimo de Moro, tentando vender a ele uma “blindagem” na Lava Jato, acredita que o lucro do antigo juiz com as recuperações judiciais passou de R$ 10 milhões na Alvarez & Marsal.
A informação dos valores mencionados por Tacla Duran foi revelada pelo jornalista Luís Nassif, do portal GGN, a quem o advogado garantiu que a fatia de Moro nos contratos com o escritório norte-americano “passou de oito dígitos”.
Somente as bancadas de esquerda na Câmara Federal têm 140 assinaturas para a abertura da CPI. São necessárias 170 assinaturas, faltando, portanto, 30 para que a comissão seja instalada, número não muito difícil de ser atingido. O que certamente dificultará a vida do ex-juiz é o parco apoio de que dispõe no parlamento, já que as bancadas ligadas a Jair Bolsonaro também o veem como inimigo.
A ideia da CPI ganhou força após o TCU determinar a quebra do sigilo dos contratos de Sergio Moro com a Alvarez & Marsal. O segredo desses documentos foi levantado pelo ministro Bruno Dantas, a pedido do subprocurador-geral do Ministério Público de Contas, Lucas Rocha Furtado.
O membro do MP explicou em seu pedido ao TCU as razões para a suspensão do sigilo, alegando a necessidade de se averiguar “prejuízos ocasionados aos cofres públicos pelas operações supostamente ilegais dos membros da Lava Jato de Curitiba e do ex-juiz Sergio Moro, mediante práticas ilegítimas de revolving door, afetando a empresa Odebrecht S.A., e lawfare, conduzido contra pessoas investigadas nas operações efetivadas no âmbito da chamada Operação Lava Jato”.
Publicado originalmente na Pensar Piauí.
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