A empresária Rosângela Lyra, ex-CEO da Dior no Brasil, anunciou que apoiará o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no primeiro turno das eleições de 2022. Ela é ex-militante de grupos que pediram o impeachment de Dilma Rousseff e também defendeu a Operação Lava Jato.
Em entrevista à revista Veja, Rosângela Lyra elogiou alguns nomes da chamada terceira via, como Simone Tebet (MDB), mas ressaltou que Lula é a única alternativa para vencer Jair Bolsonaro (PL) no primeiro turno, evitando “traumas”.
Questionada sobre o presidenciável Sergio Moro (Podemos), Rosângela afirmou: “Ele morreu para mim quando ele aceitou entrar no governo Bolsonaro”. Moro é o pré-candidato da chamada “terceira via” que está mais bem colocado nas pesquisas eleitorais, com 9% das intenções de voto, segundo a pesquisa PoderData divulgada anteontem.
Primeiro, Lula tem condições de ganhar de Bolsonaro no primeiro turno. Em segundo lugar, eu acredito que, mesmo recebendo o país em frangalhos, ele fará uma ótima gestão, com a experiência e inteligência que ele tem e evitando os erros que foram cometidos no passado.Empresária Rosângela Lyra, em entrevista à Veja
Ela ressaltou que sempre foi crítica aos erros do PT, “mas se você pensar que entre partidos grandes e médios, o PT foi o que teve menos políticos indiciados, investigados e presos”.
Rosângela também criticou “clichês” que as pessoas repetem “por falta de conhecimento político e também por certa antipatia às pautas da esquerda”. Ela cita a frase de que o PT é o partido que mais roubou o Brasil.
“Para falar em ‘mais’ é preciso comparar com outros e a gente não tem essa comparação”, afirmou. “Nem o Lula é ladrão. A Lava Jato foi tão fundo, conseguiu resgatar tantas somas no Brasil e no exterior, então cadê o dinheiro na conta do Lula? Esses clichês só mostram que as pessoas falam sem nenhum embasamento”.
Apoiadora do PSDB, Rosângela disse que a decisão de votar no Lula foi um processo. “Eu era muito próxima ao Deltan [Dallagnol, ex-procurador do MPF] e ajudei bastante na campanha da Lava Jato, mas me afastei quando eu percebi que estavam forçando a barra para prender o Lula. Nesse momento eu me afastei, vi que não estava legal e comecei a repensar algumas coisas”.
Ela diz que decidiu apoiar Lula antes da possibilidade de uma chapa com Geraldo Alckmin, cotado para ser vice —o ex-governador de São Paulo deixou o PSDB após 33 anos.
Fui percebendo que o PT não era aquilo tudo que tinham desenhado de ruim. O Bolsonaro também faz a gente querer ser diferente do que ele é e representa. Então a gente começa a olhar com outros olhos pautas como a do meio ambiente, de respeito às minorias, tão desprezadas e maltratadas por essa gestão.Empresária Rosângela Lyra em entrevista à Veja
Rosângela ainda declarou que dará o seu melhor “para que as pessoas entendam o risco que é Bolsonaro ir para o segundo turno”.
“Não merecemos isso, não podemos correr esse risco. Vou explicar que acompanho política há alguns anos, nunca fui filiada a nenhum partido, mas que tenho um pouco de conhecimento para convidá-las a esta reflexão. Se a terceira via tiver condições de ir pro segundo turno, vota na terceira via. Se não, não vamos deixar ir para o segundo turno”, afirmou.
Rosângela Lyra também é signatária do movimento Lula no Primeiro Turno, que lançará um manifesto em 15 de março em São Paulo. A iniciativa reúne artistas, empresários e advogados.
Também assinam o manifesto nomes como o ex-senador Cristovam Buarque, crítico ao PT e que apoiou o impeachment de Dilma Rousseff, além de apoiadores de longa data, como o cantor Chico Buarque e o advogado Marco Aurélio de Carvalho.
A iniciativa é encabeçada pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
Artigo publicado originalmente UOL.
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