Por João Paulo Saconi
O diretório estadual do União Brasil no Paraná pagou, em 4 de agosto de 2022, um montante de R$ 344,6 mil à empresa Táxi Aéreo Hércules, sediada em Curitiba, em benefício da pré-campanha de Sergio Moro ao Senado. Quitada com verba do fundo partidário, a despesa permaneceu inédita até o último dia 26, quando foi informada pelo próprio partido ao TRE do Paraná em sua prestação de contas anual.
Na Corte, Moro é alvo de dois pedidos de cassação, movidos por PL e PT. As siglas alegam que o ex-juiz da Lava-Jato praticou abuso de poder econômico enquanto era pré-candidato à Presidência e, depois, ao cargo de senador. O teto de gastos estipulado pela Justiça Eleitoral antes do início oficial da campanha era de R$ 4,4 milhões, mas as ações contra Moro indicam que teriam sido investidos mais de R$ 19 milhões na pré-candidatura dele.
Os gastos com táxi aéreo feitos pelo União Brasil, atual partido de Moro, são referentes a seis voos que conduziram Moro, seus auxiliares e seus correligionários entre municípios paranaenses (além de Curitiba, Londrina, Maringá e Paranavaí) e também a São Paulo.
As viagens aconteceram entre 20 e 31 de julho do ano passado, duas semanas antes do início da campanha eleitoral, em 16 de agosto. A mais barata delas custou R$ 41,6 mil (Curitiba x Maringá x Curitiba, em 20 de julho) e a mais cara R$ 89,6 mil (Curitiba x Londrina x São Paulo x Curitiba, entre 22 e 23 de julho). Há voos de carreira disponíveis para os seis trechos em questão.
Além de Moro, segundo a legenda informou ao TRE, voaram Felipe Francischini (deputado e presidente estadual da sigla); Luis Felipe Cunha (eleito primeiro suplente de Moro em outubro) e quatro assessores. Nos registros, Moro foi classificado como “pré-candidato Sergio Moro” pelo União Brasil — o que associa o investimento à pré-campanha.
A nível local, no Paraná, o União Brasil informou ao TRE que desembolsou R$ 1,8 milhão com Moro entre janeiro e dezembro de 2022 — numa planilha detalhada mês a mês, a conta aparece como se fosse referente ao mês de setembro.
O valor corresponde a 40% do teto de R$ 4,4 milhões da pré-campanha, só que o diretório nacional da sigla também fez investimentos no período. E, junto com o União Brasil, o Podemos também engordou a polpuda pré-campanha de Moro antes de 16 de agosto: o ex-juiz ia concorrer a presidente pelo partido e, antes de desistir e trocar de filiação, também utilizou recursos partidários para financiar seus primeiros compromissos políticos.
A expectativa do PL e do PT é que despesas como a do táxi aéreo sejam apresentadas ao TRE por União Brasil e Podemos nas próximas semanas. Há uma ordem para que o atual e o antigo partidos de Moro informem ao Judiciário tudo o que foi gasto na pré-campanha, mas ambos aguardam a expedição das intimações para cumprir a determinação.
Publicado originalmente em O Globo.
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