728 x 90

Kabenguele Munanga responde ao texto de Antônio Risério

Kabenguele Munanga responde ao texto de Antônio Risério

Por Kabenguele Munanga

No texto publicado no dia 16 de Dezembro, na Folha de S. Paulo, Antônio Risério disse que intelectuais como Abdias Nascimento e Kabenguele Munanga são delirantes.

Afinal quem é delirante? O grande intelectual e ativista Professor Abdias do Nascimento, Kabengele Munanga ou Antônio Risério? Creio que entre os três, Antônio Risério é o grande delirante. Ele me parece desesperado com algumas mudanças que estão acontecendo na sociedade brasileira em benefício dos negros, como por exemplo, as políticas afirmativas.

Ele abstrai uma frase do contexto em que foi colocada e sai atirando, me parece um doído. Afirmar que “os movimentos negros repetem a lógica do racismo científico” é falsificar essa lógica horrível que nada tem a ver com a postura antirracista do Movimento Negro. É uma desqualificação de nós todos que militamos intelectualmente nesse movimento.

A leitura que Antônio Risério faz do racismo científico me parece deturpada por motivos obviamente ideológicos. Ele teria perguntado para as pessoas que carregavam a faixa com a frase “Miscigenação também é genocídio” para saber o que queriam dizer por isso. Seria uma atitude razoável e digna de um intelectual em vez de generalizar, mutilar e ridiculizar os nobres objetivos dessa marcha antirracista, colocando todos (as) os/as participantes no mesmo vale comum.

Para legitimar sua atitude agressiva e desrespeitosa, ele me cita lançando mão de um trecho do meu livro “Rediscutindo a mestiçagem: Identidade nacional versus Identidade Negra”, esquecendo-se que no seu livro “Utopias Brasileiras e os Movimentos Negros…”. Ele me critica com bases em argumentos ideologicamente forjados que nada têm a ver com as teses defendidas nesse livro, que aliás não leu direitinho. Agora, ele me cita com certa malandragem para legitimar para sua agressividade contra o Movimento Negro.

Ele me considera como estudiosos negroafricano menos delirante. Que linguagem grosseira! Ser menos delirante soa como elogio quando na realidade é um insulto à minha pessoa e aos(as) intelectuais negros e negras que militam contra o racismo. Ele não é delirante (riso), pois nós que deliramos.

Outra grosseria, ele qualifica o livro “Pan-Africanismo na América do Sul: Emergência de uma Rebelião negra”, da autoria de Elisa Larkin de Nascimento, de “bem ruinzinho, por sinal”. Que agressividade! Ele tem o direito de discordar dos argumentos da autora, mas qualificar esse livro “de bem ruinzinho, por sinal ” é o cúmulo de deselegância e falta elementar de educação.

Ao “grande ” intelectual branco que me chamou de estudioso negroafricano, digo que seu delírio desenfreado não vai desmoralizar a nobre luta dos intelectuais negros e das intelectuais negras em defesa de uma sociedade justa e igualitária.

Artigo publicado originalmente no Alma Preta.

Compartilhe
1 Comentario
Grupo Prerrô
ADMINISTRATOR
Perfil

Deixe um comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos obrigatórios estão marcados com *

1 Comentario

  • Marcos Luiz da Silva
    17/01/2022, 09:06

    Certo muito boa resposta.

    Responder

Mais do Prerrô

Compartilhe