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Reitora e alunos da PUC assinam carta contra lei que homenageia coronel que comandou invasão na universidade

Reitora e alunos da PUC assinam carta contra lei que homenageia coronel que comandou invasão na universidade

Por Mônica Bergamo com colaboração de Bianka Vieira, Karina Matias e Manoella Smith

Coronel Erasmo Dias vira nome de trecho de rodovia em Paraguaçu Paulista

A reitora da PUC-SP, Maria Amália Pie Abib Andery, professores e alunos da universidade assinaram uma nota em repúdio à lei em homenagem ao coronel Erasmo Dias, promulgada nesta quarta-feira (28). Expoente da ditadura militar, ele coordenou uma invasão na instituição de ensino.

A iniciativa foi do Centro Acadêmico 22 de Agosto da PUC-SP. O diretor da Faculdade de Direito da instituição, Vidal Serrani Nunes Júnior, e os professores Pedro Serrano, Lucineia Costa e Fabio Uchoa Coelho estão entre os signatários, além de outras organizações estudantis.

Como mostrou o Painel, a lei estabelece que um entroncamento localizado na cidade natal do homenageado, Paraguaçu Paulista, passe a ser denominado “Deputado Erasmo Dias”.

Secretário de Segurança Pública de São Paulo de 1974 a 1979, ele ficou conhecido por comandar a invasão na PUC de São Paulo em setembro de 1977, na última grande operação do regime militar (1964-1985) contra o movimento estudantil. Na ocasião, estudantes faziam um ato público pela reorganização da UNE (União Nacional dos Estudantes).

O manifesto diz que o projeto é “absolutamente antidemocrático” e “invalida a luta de milhares de estudantes e centenas de militantes que perderam suas vidas durante a ditadura militar”.

“A Faculdade de Direito da PUC-SP sempre esteve ao lado do Estado democrático de Direito, da luta contra a opressão e o autoritarismo e, portanto, não se calará perante a aprovação de um projeto que homenageia traidores do povo. Exigimos ao exmo. sr. Governador do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que vete o Projeto de Lei. Lembrar é resistir”, segue o texto.

A ação na PUC-SP resultou na detenção de 854 pessoas, levadas ao Batalhão Tobias de Aguiar. Delas, 92 foram fichadas no Deops (Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo) e 42 acabaram processadas com base na Lei de Segurança Nacional, acusadas de subversão.

Dias foi deputado federal entre 1979 e 1983 e estadual entre 1987 e 1999. Ele morreu em 2010 aos 85 anos.

Como Tarcísio está em Portugal, onde participa do Fórum Jurídico de Lisboa, a iniciativa de aprovar o decreto do ex-deputado Frederico D’Ávila (PL) coube ao vice-governador Felício Ramuth (PSD) e aos secretários Gilberto Kassab (Governo), Natália Resende (Infraestrutura) e Edilson José da Costa (secretário-executivo da Casa Civil).

Publicado originalmente na Folha de S.Paulo.

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