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As eleições na PUC-SP e no Brasil: a contribuição do PDT para o fortalecimento da direita

As eleições na PUC-SP e no Brasil: a contribuição do PDT para o fortalecimento da direita

Por Luã Prado Tiozzi 

No meio do mês de maio de 2022, a Faculdade de Direito da PUC-SP viveu mais um processo eleitoral para a escolha da direção do histórico Centro Acadêmico 22 de Agosto. Com o quórum mais alto dos últimos anos, o 1º turno da eleição terminou com a chapa representada pelo coletivo Reconvexo – eleito para a gestão de 2021 representando o Partido dos Trabalhadores (PT) – na frente por 18 votos, deixando o 2º lugar à chapa Alvorecer, representada pela Juventude Socialista do PDT.

Com este resultado, as chapas conduziram uma disputa eleitoral acirrada num 2º turno que refletiu, dentro da Universidade, narrativas e resultados que ficam cada dia mais evidentes também fora da PUC-SP, na disputa eleitoral nacional.

Apresentando um programa que demonstrava um claro desconhecimento da entidade do C.A. e que, inicialmente, não continha sequer uma proposta para pautar a permanência estudantil e a realidade dura dos estudantes bolsistas dentro da PUC-SP, a chapa Alvorecer
recebeu apoio de movimentos liberais organizados e representou, por meio de um discurso moralista de reiteração do antipetismo, a escolha mais clara dos setores de direita da Universidade. A chapa imprimiu um discurso ofensivo contra um “C.A. partidário” e
reivindicou um “C.A. para todos”. Nas redes sociais, membro do PDT e apoiador da chapa comemorou que agora o C.A. estaria livre das amarras do “nefasto José Dirceu e José Eduardo Cardoso” (sic), bem como do “câncer” conhecido como PT Jurídico.

Na prática, a JS-PDT faz, dentro da PUC-SP, o que o partido liderado por Ciro Gomes tem feito ao Brasil, servindo, materialmente, para o avanço e o crescimento da direita. Fazem isso na medida em que insistem em propagar o discurso do antipetismo e que seguem
vindo a público atacar o principal candidato da esquerda, que lidera as pesquisas eleitorais e se apresenta, cada vez mais, como o único capaz de derrotar Bolsonaro e recuperar o país das mãos do fascismo.

Os ataques de Ciro a Lula, inclusive, estão rodando nos grupos de WhatsApp bolsonaristas, reforçando uma imagem equivocada do PT e de Lula e, inevitavelmente, da esquerda. A mesma imagem que a grande mídia difundiu de maneira estratégica visando a legitimação
moral e popular da Operação Lava Jato e do golpe de 2016, bem como o fortalecimento de Bolsonaro e do programa econômico de Paulo Guedes como a melhor alternativa para o Brasil, contrapondo-a a mais um mandato de esquerda que seria “corrupto”.

Ora, em síntese, a JS-PDT na PUC-SP e o PDT no Brasil estão se utilizando do mesmo discurso adotado por esses setores da sociedade que conduziram uma cruzada de desmoralização do Partido dos Trabalhadores e da esquerda. O resultado dessa investida foi um dos fatores fundamentais que nos levou ao bolsonarismo. E, em 2018, quando teve a oportunidade de retomar o caminho de fortalecimento da esquerda, se unindo a Haddad no 2º turno, Ciro foi a Paris. Assim como agora prefere continuar atacando Lula e seus apoiadores, vide o recente debate com Gregório Duvivier, como se não estivéssemos todos submetidos à necessidade histórica de unir forças para derrotar o fascismo.

Na prática, a tática adotada pelo PDT só serve materialmente à direita. Não à toa chegou nos grupos de apoiadores de Bolsonaro, dando força para o atual presidente na disputa da sociedade entre o fascismo e a democracia. Não à toa foi a opção da direita e dos liberais
na PUC-SP. O discurso, a narrativa, sua forma e seus alvos, pesam na balança de modo a fortalecer um lado da forte polarização a que estamos submetidos: o de Bolsonaro, da barbárie e da criminalização do maior partido da esquerda latino-americana.

Isso fica mais claro ainda quando, ao comemorar a vitória eleitoral para o C.A. 22 de Agosto no 2º turno, a chapa Alvorecer celebrava o resultado com gritos de ofensa a Lula e a José Dirceu. Este, inclusive, ex-diretor do 22 de Agosto, liderança do Movimento Estudantil da
PUC-SP e do Brasil na época de resistência à ditadura militar, além de um dos fundadores da Assistência Judiciária 22 de Agosto – tal entidade, aliás, assim como a permanência estudantil, não foi objeto de propostas apesar de sua relevância na garantia do acesso à
justiça no Brasil e de sua dependência financeira do C.A. 22 de Agosto.

A Faculdade de Direito da PUC-SP agora viverá uma gestão do 22 de Agosto exercida pela JS-PDT. O que fica para os estudantes é a esperança de que não representem para a PUC-SP o que estão representando para o Brasil. Tal esperança, no entanto, foi um tanto
minada pela postura da chapa Alvorecer durante as eleições e pela absoluta falta de preocupação com a pauta mais cara ao C.A. 22 de Agosto: a permanência estudantil e o combate ao abismo social que existe dentro da Universidade entre pagantes e bolsistas.

Devemos lutar para que a PUC-SP possa estar à altura do desafio histórico que se apresenta diante do Brasil. E, mais do que isso, adequar toda tática e todo programa político com um único objetivo: derrotar Bolsonaro, eleger Lula e recuperar nossa democracia!

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