Por Gustavo Conde
O cenário agora é tão surpreendente, que o STF tem dificuldades de reunir forças para bloquear Lula mais uma vez
Se Globo e elites demorarem muito para encomendar o impeachment, a vitória de Lula – moral, eleitoral, histórica – tende a ser cada vez mais esmagadora. Com impeachment, daria para criar um fato novo. Sem impeachment, Lula caminha para obter 80 milhões de votos.
A covardia e a confusão nos bunkers dos endinheirados é tal que eles nem fazem mais questão de disfarçar. Continuam alugando espaços na imprensa corporativa, mas o circuito do debate público não atende mais a apelos do mercado: o Brasil está destruído.
A pesquisa da XP – pouco confiável porque tendenciosa ao mercado – é devastadora para as pretensões do centro fisiológico. Ali, percebe-se que Lula só começou a crescer.
O cenário é complexo. O mercado é camaleônico e já começou um processo de “desideologização”. Vai testando acenos para Lula. Na pior das hipóteses, quer garantir um espaço de influência no futuro governo.
O PSDB tenta desembarcar da doença bolsonara que lhe infectou a estrutura. Neste momento, há uma enxurrada de desfiliações em curso, mediadas por uma força – pasmem – esquerdizante dentro do tucanato (que apenas quer sobreviver).
Lula é o melhor agente político em ação. Ele não força a barra, deixa os adversários se reposicionarem e aguarda o próprio crescimento – mais que previsível – como quem espera o início oficial da campanha de 2022.
O cenário agora é tão surpreendente que o STF tem dificuldades de reunir forças para bloquear Lula mais uma vez. Na confirmação da decisão de Fachin – agendada para 14 de abril – os ministros ficaram emparedados. Amargamente, eles funcionam pressionados pelos próprios erros do passado.
O ceticismo digital progressista alimentado pelo fetiche desgastado de prever o futuro trágico ainda busca se lambuzar pelos prognósticos catastróficos e psicologizantes calcados na falta de caráter dos ministros.
Eu gostaria de apenas alertar e dizer que a ‘falta de caráter’ é também histórica e conjuntural – e padece do mesmo mal que aflige o próprio ‘caráter’: a mobilidade.
Lula, ademais, é tão grande, que o cozimento em banho-maria de seus direitos –um pedido de vista no Supremo, por exemplo – tende, neste momento, a projetar-lhe ainda mais forças: ele está em tendência de alta e refrear isso com violência jurídica poderia, inclusive, deflagrar uma onda de violência no país, dado o estado de calamidade social em que afundamos.
A equação mudou de lado: se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.
Caminhamos para um momento apoteótico: vencer Bolsonaro, vencer o vírus e superar uma das maiores injustiças que já foram cometidas neste país: o direito de Lula ser candidato de novo.
Só a candidatura de lula, só a campanha repleta de amor que caracteriza a generosidade democrática que habita o coração de Lula será capaz de pacificar o país e direcionar sua reconstrução.
A vitória será apenas uma consequência lógica de uma campanha que deverá mexer com nossa memória, com o nosso sentimento, com a nossa dor, com a nossa esperança.
Finalmente, chegou a hora de virarmos esse jogo.
Artigo publicado originalmente na Rede Brasil Atual.
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