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Gilmar Mendes diz que ‘o lavajatismo é pai e mãe do bolsonarismo’

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes associou hoje as ações da Operação Lava Jato com o fenômeno que levou à eleição do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e ainda garante o seu apoio. Mendes vê uma forte ligação do movimento político com a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O presidente da Segunda Turma do STF fez a relação ao comentar os vazamentos de conversas entre procuradores da força-tarefa de Curitiba, responsável pela investigação de Lula, e o ex-juiz Sergio Moro. Nesta semana, Mendes votou a favor do compartilhamento das mensagens com a defesa do ex-presidente em julgamento na Corte.

“Acho que a gente até pode dizer que Deus realmente seja brasileiro e esteja nos dando uma chance de fazer uma revisão, mas, eu já disse, o lavajatismo de alguma forma é pai e mãe do bolsonarismo”, afirmou o ministro do Supremo durante o UOL Entrevista, conduzido pelo colunista do UOL Tales Faria.

Mendes afirmou que vê a ausência de Lula na eleição presidencial de 2018 —por conta da sua prisão em abril do mesmo ano— e o apoio de parte da mídia às ações da Lava Jato como fundamentais para criar o fenômeno que chama de “lavajatismo”.

“Sem dúvida ocorreu [influência do lavajatismo na eleição de 2018], eu já disse, mas não tem a ver com o governo Bolsonaro hoje. Eu já disse, o lavajatismo que envolve essas ações, e envolve a participação de vocês da mídia, porque sem o conúbio [sinônimo para relação íntima] entre mídia e esses atores não teria ocorrido isso. Certamente a mídia era alimentada por essas informações”, disse Mendes.

O ministro ainda contou um exemplo de manipulação de informações que teria sido coordenado pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot.

“Ouvi da procuradora-geral Raquel [Dodge, sucessora de Janot] que o doutor Janot tinha na Procuradoria alguma coisa como 12 jornalistas para vazar informações. Portanto isso criava fidelidade”, afirmou Mendes.

“Tudo isso precisa ser olhado, é um período anômalo da nossa história. Vamos ter que olhar, discutir e fazer mea culpa”, completou o ministro.

Publicado originalmente no UOL.

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