Precisamos de políticos que compreendam a dimensão e importância do estado e, acima de tudo, que saibam das necessidades do povo paulista
O que os políticos pensam sobre a população do estado de São Paulo? Que não merecemos respeito? Que somos simples objeto de suas ações eleitoreiras?
Primeiro, o ex-juiz Sérgio Moro , ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro, transfere seu domicílio eleitoral para São Paulo, sob o argumento de que a capital paulista seria seu hub de negócios, a cidade de onde sai e para onde chega para realizar suas articulações políticas e para tratar com apoiadores.
Moro, sem qualquer vínculo político, econômico, social ou familiar com o Estado de São Paulo, usa os paulistas para tentar fazer decolar seu ambicioso projeto político, como candidato agora a deputado federal, numa demonstração de profundo desrespeito com os eleitores paulistas, que representam 22,3% do eleitorado brasileiro.
Esta atitude claramente é um estelionato eleitoral, reforçando ainda mais o caráter oportunista do projeto político de Sérgio Moro. Depois da tentativa de se colocar como representante da chamada terceira via na corrida presidencial, que fracassou pela falta de propostas para os problemas reais do País, o “candidato de uma nota só” pretende aventurar-se a disputar uma vaga na Câmara dos Deputados tratando São Paulo como um mero hub.
Se já não tinha projetos para o País, o que Moro terá como plataforma de sua atuação como representante de um estado tão complexo como São Paulo? Estudo da Fundação Getúlio Vargas mostra que 19% da população paulista vive em situação de pobreza, temos graves problemas sociais a serem resolvidos e o que Moro propõe? Não há uma única proposta.
Da mesma maneira, na Sexta Feira Santa o presidente e pré-candidato Jair Bolsonaro trata com total desprezo a população do estado de São Paulo, ao fechar a Rodovia dos Bandeirantes em plena data sagrada para realizar um passeio com seus 3700 amigos , impedindo milhares de pessoas de aproveitar com suas famílias o almoço em uma das datas mais importantes do calendário religioso.
O ato político de Bolsonaro mobilizou grande número de agentes da Polícia Militar, causando gastos aos cofres públicos, além de ter atrapalhado a circulação da população em um feriado. O ato serviu unicamente para mobilizar sua claque para a campanha eleitoral antecipada em claro desrespeito às leis eleitorais, tais fatos mostram que Governador do Estado e Presidente da República não respeitam o povo paulista.
Não há como negar que o ato foi organizado como mobilização de campanha, não havia ali nada que comprovasse que se tratava de uma agenda oficial da Presidência da República — lembrando que a campanha só começa oficialmente no dia 16 de agosto, ou seja, o presidente está quatro meses adiantado e diariamente desrespeita a legislação eleitoral.
Os dados do TSE mostram que somos cerca 33 milhões de eleitores em todo o estado — o maior colégio eleitoral do País. A capital tem em torno 9 milhões de eleitores. Americana, a cidade onde Jair Bolsonaro terminou seu ato, tem cerca 175 mil eleitores e Campinas, cidade vizinha e uma das mais importantes do estado, tem cerca de 900 mil eleitores. A população não pode ser tratada com tamanho desrespeito.
O Estado de São Paulo não pode ser tratado como um hub de oportunistas como Sérgio Moro e Jair Bolsonaro. Precisamos de políticos que compreendam a dimensão e importância do estado no desenvolvimento nacional e acima de tudo que saibam das carências e necessidades do povo paulista. Isso há de mudar!
Artigo publicado originalmente no Último Segundo.
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