Kakay se manifesta com exclusividade para o DCM
O criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, escreveu com exclusividade ao DCM sobre o ataque de Sergio Moro (Podemos) ao Grupo Prerrogativas na Veja.
Kakay fala de Moro
“Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.”
Clarice Lispector
Há algum tempo venho escrevendo sobre a verdadeira simbiose que existe entre Moro e Bolsonaro. Destaco que a única fala verdadeira da “conja” foi quando ela declarou, num rasgo de sinceridade, que o Moro e o Bolsonaro eram a mesma pessoa. Até os apelidei de Bolsomoro ou Moronaro.
Parece muito claro que o maior caso recente de corrupção foi o Moro aceitar o cargo de Ministro da Justiça no governo Bolsonaro – do qual ele foi o principal eleitor- em contrapartida da prisão que ele, Moro, efetuou do principal adversário do Bolsonaro. E , o mais espantoso, o acordo foi feito enquanto o juiz ainda ostentava a toga nos ombros. Um acinte. O leigo acha que o crime de corrupção só ocorre quando a autoridade aceita dinheiro. Tecnicamente o que vale é aceitar um benefício e, convenhamos, um Ministério como o da Justiça vale muito…
Agora, que depois de uma briga de quadrilha, o Moro saiu do governo Bolsonaro para tentar a representação popular, que ele, por sinal, tentou destruir enquanto juiz criminalizando a política, estamos nos defrontando com algo que outra vez une umbilicalmente os dois fascistas.
Os jornais e revistas de hoje mostram longas manifestações dos dois atacando o Supremo e a advocacia. Ou seja, se insurgindo contra o sistema de justiça que eles ajudaram a corromper.
A agressividade vulgar, que já é marca do Presidente da República, contra o Supremo e, especialmente os Ministros Barroso e Alexandre, é, claramente, um crime de responsabilidade. O Presidente de um poder atacar de maneira vil outro Poder desestabiliza o necessário equilíbrio institucional. É necessário fazer uma leitura da real gravidade de atos como este. Foi exatamente nestes ataques , lá em 2019, que o Supremo Tribunal, de maneira correta é corajosa, se apegou para abrir a investigação conhecida como “inquérito das fake news” e que , tenho certeza, impediu o aprofundamento de uma ruptura institucional. A história há de contar este episódio.
Da mesma maneira o tal juiz vem a público mostrar sua face ao criticar grosseiramente o Supremo pelo fato simples da Corte ter aplicado a Constituição e ter feito o óbvio: considerou o juiz parcial e incompetente. Ele agora posa de vítima como estratégia de campanha. As pessoas tem que entender a gravidade que é um juiz ser parcial. É algo desonesto e que diminui o Poder Judiciário.
Esqueçamos a política. Imagine que num domingo o brasileiro está esperando a final do campeonato brasileiro. No sábado à noite vaza mensagens do juiz com o técnico do outro time instruindo: “manda seu jogador cair na área que eu marco pênalti”. E mais, juiz, bandeirinha e juízes do War combinando anular qualquer gol contra seu time. Isto foi o que aconteceu com o Moro.
E agora a estratégia vem também atacar a advocacia livre e independente. O Moro elegeu criticar um grupo de advogados, intelectuais, professores, defensores públicos, enfim, um grupo de WhatsApp que tem como meta defender a Constituição e o estado democrático de direito. O grupo Prerrogativas, que não é partidário, não se omitiu e não se escondeu na comodidade do silêncio no momento em que foi preciso enfrentar os abusos seja do Bolsonaro, seja do Moro ou dos procuradores.
O ataque orquestrado contra o Judiciário, os advogados e o grupo Prerrogativas demonstra que estamos do lado certo. E que seguiremos em defesa da estabilidade democrática.
Sempre me miro em Cecília Meireles:
”Aprendi com as primaveras a deixar-me cortar e a voltar sempre inteira.”
Publicado originalmente no DCM.
1 Comentario
Marcos Carreiro
15/01/2022, 08:00Caro e grande advogado Kakai. Veja, concordo totalmente com tudo o que você relatou nessa tia matéria. Porém meu caro, eu quero fazer algumas ressalvas com relação a corrupção que existe é muita força do Brasil e que no entanto os nossos partidos de esquerda não podem defender, ou contrário, pois assim como defendeu a liberdade do nosso Lula – nosso maior presidente da história do Brasil – tem tem também de defender a liberdade de opositores ao governo e que essas pessoas possam concorrer a presidência livremente, tal qual defendemos no Brasil. Eu esquerdista desde que comecei a entender o que é política sou Sociólogo formado pela UFPE, não faço psrte de nenhum partido político, Pois acho que no Brasil os partidos agem de acordo a as conveniencias de seus líderes sem seguir a regra os seus estatutos, embora eu me considere um socialista, mas não esse socialismo que não respeita os princípios de um bom e verdadeiro socialista. Detesto qualquer tipo de autoritarismo, mesmo que seja com desculpa de está defendendo o meus pais. Pra e para defender o seu país é necessário cercear as liberdade alheias, como alguns líderes de algumas nações fazem? Não. Está errado. Sendo assim, Nosso Lula tem rever seus conceitos em relação a Nicarágua e Venezuela.
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